quarta-feira, 11 de julho de 2012

Ivani Ribeiro, nas mãos desta mulher estava o destino de cada um!



"O Profeta" de Ivani Ribeiro deu continuidade a um trabalho que a badalada autora de novelas iniciou três anos antes em "A Viagem", grande sucesso da extinta TV Tupi, onde a veterana autora abordou o tema espiritualista da vida após a morte.
Eu não assisti, mas minha tia-avó (Celi) falava muito nessa novela que além de enfocar o tema espiritualista, também mostrou aspectos da Parapsicologia. Aproveitando-se do fracasso da novela “Espelho Mágico” de Lauro César Muniz, a Tupi lançou uma novela que tocava em assuntos já discutidos em novelas anteriores da autora, mas que, segundo a própria, era de caráter ecumênico. Em suma, nesta história, ela permitiu ao público divagar mais sobre o emocionante tema que é o poder de um homem de conseguir desvendar a vida de outras pessoas. Corri atrás para me informar e passar para vocês.

Daniel (Carlos Augusto Strazzer) tem poderes de prever o futuro dos outros mas erra na previsão de seu próprio destino.

Daniel, vivido pelo saudoso Carlos Augusto Strazzer, ainda criança tem a visão de seu cunhado João Henrique (Rolando Boldrin) ao lado de uma loura. Acreditando que é traída Ester (Ana Rosa) se separa o que deixa seu ex-marido com muito ódio do menino.
Filho de um espírita, S. Francisco, a mediunidade de Daniel é comprovada por um mestre espírita de verdade, Chico Xavier, que tem uma rápida aparição na novela. Anos depois, seu poder de visão aumenta consideravelmente, mas ele passa a utilizar seu poder em benefício próprio em vez de ajudar as pessoas. Abre um consultório e passa a explorar seus dons e aparecendo em vários programas de TV, tornando-se conhecido como “O Profeta”. Dentre essas participações na TV, Daniel chegou a ir no programa de Hebe Camargo.
O melhor amigo de Daniel, Murilo (Walter Prado) é casado com Sônia (Elaine Cristina). O profeta se apaixona pela mulher e prevê a morte do amigo. Por volta do capítulo 50, Murilo realmente morre o que vai fazer com que Daniel seja acusado de causar sua morte para ficar com Sônia.

Outra aparição na novela foi amplamente divulgada, mas também se tornou alvo da censura. No capítulo 92, o arcebispo D. Evaristo Arns, aparece na novela enviando uma carta ao Padre Olavo (Luiz Carlos de Moraes), tio de Daniel, dando a visão católica a respeito do caso. Quando a carta será lida, quem aparece é o próprio arcebispo falando o conteúdo e também aproveitando para divulgar a campanha da fraternidade de 1978 da Campanha Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) – “Trabalho e Justiça para Todos”.

Tal mensagem gerou uma verdadeira disputa política na emissora, culminando na demissão de Guga de Oliveira por ter desacatado uma ordem de corte do texto de D. Evaristo. O arcebispo apareceu em dois capítulos na novela, mas somente a segunda aparição foi editada.
O texto dizia: “O Grande pecado de hoje é a injustiça e a exploração. Como pregadores da mensagem de Cristo, nós temos a obrigação de ajudar nossa sociedade a tomar consciência da gravidade desse pecado e orientá-la a descobrir o pano de Deus: a dignidade da pessoa humana, a fraternidade, a igualdade e a justiça. Quantos só pensam em subir na vida, espezinhando os outros? Quantos ganham salários exorbitantes e a maioria de nosso povo mal consegue sobreviver com o mísero salário mínimo? Meu bondoso padre (isto é, Daniel), neste tempo da Campanha da Fraternidade pregue com muita coragem: Trabalho e Justiça para Todos”.


O episódio fez com que Carlos Augusto Strazzer, Irene Ravache e outros atores, paralisassem as gravações da novela para demonstrar repúdio pelas demissões – além de Guga, o direitor de jornalismo Mauro Ivan também foi afastado.
Aos trancos e barrancos, a história de Daniel foi mostrando como a ambição vai transformando sua personalidade. Ele acaba se envolvendo com a fútil Ruth (Glauce Graeib) e também se reaproxima de João Henrique que com sede de vingança pelo episódio do passado se torna seu melhor amigo e acaba denunciando-o à polícia por charlatanismo.

Embora apaixonado por Sônia, o verdadeiro amor de Daniel é a desengonçada Carola (Débora Duarte), irmã de Ruth. A moça é apaixonada pelo profeta mais passa desapercebida pelo vidente enquanto ele só pensa em poder e dinheiro. Mas quando é preso, Daniel tem tempo de se arrepender de seus pecados e desejar ser um homem comum ao lado de Carola, em quem descobre a companheira perfeita.



Esse cuidado de Ivani fazia com que suas criações tivessem realmente um fundo de verdade e conquistasse o grande público que até hoje lembram com gratidão de seus excelentes trabalhos que sempre apresentou.

                                                                                                             Por Vinícius Sylvestre


 

domingo, 8 de julho de 2012


O Grande Golpe da Censura Sobre a Obra de Dias Gomes

Por Vinícius Sylvestre

                                 
Em 1975 Dias Gomes decidiu adaptar para a televisão uma de suas peças proibidas pelo regime militar, “O Berço do Herói”, censurada em 1965. A história trazia a saga do falso santo, Roque Santeiro e a sua fogosa viúva Porcina. A novela entraria nas comemorações dos dez anos da Rede Globo. Pela primeira vez Dias Gomes iria estrear em horário nobre. Adaptando a história para a literatura de cordel, a novela trazia o mais longo título da história da teledramaturgia brasileira: “A Saga de Roque Santeiro e a Incrível História da Viúva que Foi Sem Nunca Ter Sido”. Para protagonistas foram escolhidos Francisco Cuoco (Roque), Lima Duarte (Sinhozinho Malta) e Betty Faria (Porcina). Amplamente anunciada como a próxima trama do horário nobre, que entraria substituindo “Escalada”, a novela já tinha 10 capítulos editados e 30 gravados, quando foi proibida pela censura militar. Numa última esperança de liberar a trama, chegou a ser anunciada pela emissora uma mudança de horário, assim a novela “Gabriela”, grande sucesso da época, que ia ao ar às 22 horas, e já a entrar na sua fase final, passaria para o horário nobre e “Roque Santeiro” estrearia às 22 horas. Mas a censura voltou atrás na liberação e proibiu de vez a novela de ir ao ar, alegando que ela era ofensiva à moral e aos bons costumes, ofendendo à igreja e aos princípios católicos. Diante da catástrofe, Janete Clair criou personagens para 90% do elenco da novela censurada, aproveitando-o na mítica “Pecado Capital”. “Roque Santeiro” ficaria dez anos na gaveta até que uma nova versão, em 1985, fosse ao ar.
                                                        http://youtu.be/qBfe_Ifq6Kg 
                                                        http://youtu.be/Id_7PYPSsqA
  
A proposta de "Roque Santeiro" era justamente esta: O mito com os prós e contras de sua existência, as superstições de um povo e o grande número de lendas criadas em torno deste fenômeno social foram reunidos por Dias Gomes em Roque Santeiro. Dias, há muito vinha preocupado com esse problema, e esperava apenas "a oportunidade de levá-lo ao ar em forma de crônica de uma cidade do interior". E esta oportunidade chegou com novas responsabilidades para o autor, que escreve pela primeira vez para as vinte horas e, novamente, estréia a cor em mais um horário da Globo.
Sobre o horário, Dias não acreditava que "existam padrões de conveniências estabelecidos pela emissora. Existem, sim, determinações que a levam a seguir determinado comportamento que, erradamente, a meu ver, muitos chamam de filosofia de horário. A mim, foi pedido que escrevesse uma novela na linha das produções anteriores sem me preocupar com qualquer outra circunstância. Assim, iniciei Roque Santeiro, na qual não admitirei nenhuma repressão. Pelo contrário. Já cheguei a sugerir que, em caso de haver necessidade de alterar o roteiro de Roque, a medida mais indicada será retirar a novela do ar".

                                          
  Sobre a história, Dias pretendia "apenas colocar em discussão a vantagem ou não de se cultivar o carisma de um mito fabricado por um ato de indiscutível bravura". Como em todas as novelas suas não haverá graduação entre os personagens. "Todos serão dimensionados de acordo com sua importância para o conjunto, tanto que, as tramas paralelas, de modo geral, convergirão para o centro de interesse da história. A novela se desenvolve em dois períodos. O passado, com todo um levantamento da vida de Roque Santeiro, e o presente, quase conjugado com o futuro, pois mostrará todo o processo decorrente e conseqüente da exploração econômica e social de Roque."

Dezessete anos antes do desenrolar da história, Roque Santeiro, jovem artesão, é trucidado barbaramente por um grupo de cangaceiros que invadiu a cidade imaginária de Asa Branca, no norte da Bahia, próximo a Pernambuco, a fim de saqueá-la. A população, desesperada, não hesitou em se render às exigências dos cabras. Apenas Roque resistiu o quanto pôde, só parando quando foi dominado e estraçalhado. Por isso, Roque virou lenda, mito e padrinho de muitos em Asa Branca. Atraído pela fama do mito, chega a Asa Branca um grupo de artistas do Rio para filmar A Incrível História de Roque Santeiro e de Sua Fogosa Viúva, a Que Era Sem Nunca Ter Sido. Assim, com referência ao passado do herói, a novela se situa por volta de 1973, com Asa Branca enriquecida depois de toda a especulação em torno de seu mito. Há o Zé das Medalhas, por exemplo, que prosperou graças às medalhas e demais efígies que passou a produzir utilizando a imagem de Roque Santeiro. E o Sinhozinho Malta, antigo coronel de Asa Branca, que enriqueceu como pecuarista, explorando o comércio de carnes e tantos outros.

 Roque Santeiro é uma composição sobre o interior brasileiro e a malograda aventura de um escultor popular. É a pureza do homem do campo aliada à sagacidade e natural inventiva de nosso camponês. É, ainda, um estudo sobre a psicologia individual e grupal desta constante da presença de um líder, digamos, espiritual. Uma ficção até certo ponto, tratada de maneira fantástica em que, acima de tudo, importa marcar a nítida influência do fenômeno sociológico que é o mito." Para elaborar a sinopse e os primeiros capítulos da novela, Dias Gomes, além de observações pessoais semelhantes às que fez em Fátima, Portugal, quando de sua última viagem à Europa em companhia de sua mulher, Janete Clair, pesquisou sobre artesanato, cunhagem de medalhas, frisadoras, tornos, indústrias domésticas e indústrias de vulto, como a da carne e todo o seu complexo (frigoríficos, circulação, exportação). Para a montagem dos cenários exteriores de Asa Branca será utilizada toda a infra-estrutura já existente em Barra de Guaratiba, onde está sendo gravada Gabriela. Assim, serão duas cidades inteiramente preparadas pela Rede Globo, que pretende mais tarde criar em Guaratiba uma nova sede de estúdios de novelas.

DÊNIS CARVALHO ERA A NOVIDADE DO GRANDE ELENCO


Dênis Carvalho em dois momentos distintos de “Roque Santeiro”, acima em cena com Betty Faria (Porcina). abaixo com: Theresa Amayo (Mocinha) e Waldir Maia (Professor Astromar).


Como toda novela em fase de produção, o elenco de Roque Santeiro foi alterado diversas vezes. Primeiro, as dúvidas foram sobre quem viveria Matilde. Foram cogitadas Tereza Rachel, Norma Bengell e Darlene Gloria antes de Rosamaria Murtinho.

Depois, foram sobre o personagem que faria o Roque no filme sobre sua vida. Depois da negativa de Paulo José, pensaram em Jece Valadão, Reginaldo Farias e Mílton Morais, Agora, será Dênis Carvalho, que assinou contrato com a Globo. Estavam confirmados no elenco: Milton Gonçalves, Emiliano Queirós, Elisângela, Lutero Luís, Luís Armando Queirós, André Vali, Sandra Barsotti, Catulo de Paula, Lady Francisco, Teresinha Amayo e Eva Todor, entre outros.

                                          


 

sábado, 7 de julho de 2012

Anjo Mau” Cria o Estilo de Escrever Comédia na Televisão
                                                   
Em 1976 Cassiano Gabus Mendes chegou a TV Globo, onde permaneceria até a sua morte. Estreou-se no horário das 19 horas, dirigido às comédias, com a novela “Anjo Mau”. A novela trazia uma forte vertente cômica, inaugurando uma nova fase de comédia no horário, que se iria perpetuar como estilo. O gênero comédia às 19 horas na TV Globo havia sido iniciado com Vicente Sesso na novela “Pigmalião 70” (1970), tornando-se característica do horário. “Anjo Mau” confirma o gênero comédia e dá às bases obrigatórias para os demais autores que viriam.

                                                                                                            
Até então, as protagonistas das telenovelas traziam um caráter integro, que se deparava com as vilanias das suas antagonistas. A novela muda, pela primeira vez, este caráter. Nice, interpretada magistralmente por Suzana Vieira, elevada pela primeira vez à protagonista global, é a anti-heroína, a babá malvada e ambiciosa, que por amor ao patrão Rodrigo (José Wilker), destrói o seu noivado com Paula (Vera Gimenez) e, conseqüentemente, com a doce Léa (Renée de Vielmond). Pela primeira vez na história da televisão a protagonista era má. Mas as características românticas de Nice superaram a sua vilania, e o Brasil apaixonou-se por ela. Rodrigo casa-se com Nice, mas faz com que ela sofra e pague por todas as maldades. Redimida e finalmente amada por Rodrigo, Nice morre ao dar à luz ao filho do seu amor. A sua morte, embora negada por Cassiano Gabus Mendes, teria sido uma imposição da censura da época, servindo de alerta moralista às tantas babás que sonhavam com o patrão. A cena da morte de Nice emocionou o Brasil, gerando a polêmica entre o público de que mais uma vez Suzana Vieira tinha perdido para Renée de Vielmond. Esta polêmica vinha desde a novela “Escalada” (1975), de Lauro César Muniz, em que a doce Cândida (Suzana Vieira) perdia o amor do marido Antonio Dias (Tarcísio Meira) para a bela Marina (Renée de Vielmond).
                                                         
                                        (Nice, Rodrigo e Léa um complicado triangulo amoroso)

Durante a novela, a atriz Vera Gimenez sofreu um acidente automobilístico que lhe deixou graves seqüelas no rosto, obrigando-a a um afastamento da novela para uma intervenção plástica. José Wilker e Renée de Vielmond, que iniciaram um romance durante a novela, casando-se por alguns anos, descontentes com as suas personagens, criaram alguns atritos com a direção; em conseqüência ficariam longe das novelas globais por alguns anos. Hortência Tayer, uma linda atriz em início de carreira, teve uma grande ascensão na novela, mas foi interrompida quando exigiu que lhe aumentassem o salário, um dos mais baixos do elenco, ela que viva Ligia, a mulher que conquistara o coração do mulherengo Ricardo (Luís Gustavo), foi excluída da novela, tendo apenas o seu nome mencionado pelas outras personagens. O grande destaque da novela foi para Stela, a ciumenta mulher de Getúlio (Osmar Prado), vivida com maestria por Pepita Rodrigues, em sua estréia na Globo. Outro que vinha da antiga TV Tupi para a emissora carioca era Luís Gustavo.

                                 (O divertido casal Stella e Getúlio eram o alívio cômico da trama)

“Anjo Mau” foi ao ar ainda em preto e branco, já nesta época os demais horários das novelas da TV Globo traziam produções coloridas. A novela teria uma nova versão em 1997, feita por Maria Adelaide Amaral. Nos primeiros capítulos o universo de Cassiano Gabus Mendes foi fielmente recriado, inclusive a elegância do seu texto e ironia da sua comédia. A partir de determinando momento, a história assumiu um aspecto de dramalhão, perdendo-se do original, e a Nice de Glória Pires tornou-se uma sofredora heroína mexicana; não havendo motivos para um castigo no final, a nova Nice não morre. Suzana Vieira é homenageada no último capítulo, aparecendo como a babá do filho de Nice e Rodrigo (Kadu Moliterno). Na primeira versão, a mesma cena era vivida por Débora Duarte, que fechava a trama com a criança no colo, a sorrir para Rodrigo, insinuando um futuro e conturbado romance, já que Nice estava morta.

                                                                       
                          




“ A atriz Suzana Vieira, nossa primeira Nice,
  A Cassiano Gabus Mendes, autor de Anjo Mau  e mestre de todos nós.
Em nome de toda a equipe e elenco meu respeito”



 

sexta-feira, 6 de julho de 2012

              Uma poderosa inimiga oculta e os loucos anos 20 
  •  Por Vinícius Sylvestre
                                                              

Meu respeito e admiração por Manoel Carlos é muito maior do que se possa imaginar. Maneco mergulhou fundo no universo da escritora e tradutora brasileira Carolina Nabuco, adaptando para TV com delicadeza e competência um dos mais admiráveis romances de todos os tempos, transformando a trama de "A Sucessora" num sucesso retumbante.  

                                                      
Na história, o rico e inteligente Roberto Steen (Rubens de Falco) torna-se viúvo da bela Alice (Alessandra Vieira) e se casa com a inocente Marina (Susana Vieira). Mas todos que conheceram a falecida jamais esqueceram sua forte presença. A séria governanta Juliana (Nathalia Timberg) faz tudo para mostrar que Marina é uma intrusa naquela mansão.

                              (Susana Vieira e Rubens de Falco se apaixonaram de verdade)
                                                                                                                                             
Muitos foram destaques, como a excentrica Germana (Arlete Salles) e o seu jovem marido Vasco (Kadu Moliterno). Foi o reencontro dos atores Arlete e Kadu nas novelas. Ele já havia conseguido se estabelecer na televisão, já havia tido outras participações em novelas e foi escalado para um papel muito importante na trama de Maneco. Germana Steen era uma mulher madura, com um marido mais esportista, que ela dominava. Era ela quem tinha o dinheiro, que pagava tudo, que era a provedora do casal. Era um personagem extremamente ‘feminista’, porque tiranizava o marido e quando as amigas diziam: “Mas você não pode tratá-lo assim! Você o aprisiona muito”, ela respondia: “Posso! Eu pago e pago muito bem para ele ficar a minha disposição.” Ela não tinha o menor constrangimento! Não tinha o menor problema em relação a ser casada com um homem mais jovem o qual ela mantinha.
 
                               (Kadu e Arlete na pele do excentrico casal Vasco e Germana Steen)
 
No decorrer da trama, Rubens e Susana durante um beijo do casal Roberto e Marina, sentiram um frisson diferente, e foi ali que os atores começaram um intenso romance. "Foi o beijo da mulher-aranha. Rubens é um sedutor, e eu me apaixonei. Tivemos uma incrivel lua-de-mel na Europa que durou dois meses.", confessou Susana Vieira, naquela época.

Manoel Carlos pesquisou profundamente os fatos dos anos 20: as manchetes dos jornais, o que as pessoas daquela época comiam e bebiam, como a sociedade se comportavam e vestiam. As palavras, gestos, etiquetas eram exatos, e traduziam o que se passavam naquele tempo. O autor usou o tempo real: a novela começaria em junho de 1925 e chegaria a dezembro de 1926. Os principais fatos históricos estariam incluídos na trama.                                                          
 
(Arlete Salles e Mario Cardoso em cena)
                                                                                   
O grande público ficou encantado com a novela e fez de "A Sucessora" um marco na teledramaturgia do Brasil. As gravações aconteciam nos antigos estúdios da Rua Von Martius, e no seu maravilhoso processo de evolução, já com uma produção superestruturada e bem cuidada.  Os personagens tiveram vários figurinos reproduzindo as suas caracteristicas, e a direção da trama fico nas mãos do saudoso Herval Rossano.

Manoel Carlos teve o mérito também em divulgar o talento de Carolina Nabuco, que escreveu o romance no início dos anos 30 e, igenuamente, anos antes, mandou um exemplar para um agente literário nos Estados Unidos. Como não obteve nenhuma resposta, a escritora esqueceu da história. Isto é, até ler o lançamento do livro da escritora inglesa Daphne Du Maurier. "Rebecca" era igual o romance de Carolina. Alguns artístas e críticos chegaram afirmar que foi um roubo escandaloso. Daphne ficou famosa e o livro ganhou uma versão cinematográfica entitulado de: "Rebecca, a Mulher Inesquecível", dirigida por Alfred Hitchcock, e lançado em 1940.

Quase 40 anos depois, a escritora viu seu livro virar novela no horario das 18h. "Nunca imaginei que fosse emocionar tanta gente", declarou ao lado dos atores Rubens de Falco e Susana Vieira, que chegaram a visitar a escritora em São Paulo durante a exibição da novela em 1978/1979.

                                  (A autora do livro que deu origem a novela, Carolina Nabuco.)

Infelizmente as novas gerações teram pouquíssimas oportunidades de vê-la novamente, pois a Rede Globo tem enorme vontade de repetir essas novelas, só que a maior parte dos telespectadores ignoram  novelas de época, que dirá se a Globo reprisar uma novela de época feita nos anos 70. No canal VIVA, que também é da Globo, nunca foi reprisada novelas dos anos 70. Vamos torcer por um DVD.